quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Reportagem: Embriões congelados elevam chance de gravidez saudável, diz estudo

Cientistas afirmam que o uso de embriões previamente conservados na fertilização diminui risco de hemorragias e partos prematuros

Um novo estudo escocês sugere que congelar óvulos pode ser a melhor opção para os tratamentos de fertilização in vitro. Os resultados da pesquisa, apresentados no Festival Britânico de Ciência, sugerem que o processo de congelamento pode ser melhor para a saúde da mãe e da criança.

Uma equipe da Universidade de Aberdeen analisou 37 mil gestações de bebês de proveta documentadas em 11 estudos internacionais sobre o tema. Os autores afirmam que o procedimento oferece menos riscos de hemorragia, parto prematuro e morte durante as primeiras semanas após o nascimento.

Na Grã-Bretanha, a maior parte dos óvulos usados no procedimento são "frescos". Eles são retirados da mãe e fertilizados, e o embrião resultante é implantado de volta no útero.
No entanto, cerca de um em cada cinco ciclos de fertilização in vitro no país usa embriões congelados – que "sobraram" de tentativas anteriores.

Os cientistas escoceses defendem que o congelamento de óvulos pode vir a ser a opção mais usada no futuro, mas outros especialistas em fertilidade argumentam que o número de gestações seria menor se isso acontecesse.

Debate
"Nossos resultados levantam a questão sobre se a pessoa deve congelar todos os seus embriões para transferí-los em outro momento, em vez de transferir embriões frescos", disse à BBC a pesquisadora Abha Maheshwari, que conduziu o estudo.
"É um debate que nós deveríamos estar realizando agora. Precisamos de mais estudos sobre o que faremos no futuro", afirmou.

A razão de os embriões congelados possibilitarem melhores resultados ainda é desconhecida, e os pesquisadores admitem que as conclusões "vão contra o esperado".
Uma das teorias levantadas é de que o estímulo dos ovários para que eles liberem mais óvulos pelo procedimento normal de fertilização possa afetar a capacidade do útero de aceitar um embrião.
De acordo com essa hipótese, congelar o embrião para um momento posterior permitiria que ele fosse implantado em um útero mais "natural".

Menos nascimentos
No entanto, o órgão regulador de fertilização humana e embriologia da Grã-Bretanha diz que em 2010 o uso de embriões congelados resultou em menos gestações.
A taxa de sucesso do processo de fertilização in vitro com os embriões congelados foi de 23% e com embriões frescos, de 33%.

"É preocupante que tenha sido concluído, incorretamente, que deveríamos rotineiramente congelar todos os embriões e transferi-los em um ciclo menstrual futuro", disse à BBC o professor Alison Murdoch, chefe do centro de fertilidade da Universidade de Newcastle.
"Há muitas evidências mostrando que isso resultaria em menos gestações, mesmo que os resultados dessas gestações fossem melhores", afirmou.
Abha Maheshwari destacou, entretanto, que novas técnicas nos últimos anos aumentaram bastante a taxa de sucesso da fertilização com embriões congelados.

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